Cuidar de Você 21 de Junho de 2024

Qual a relação da leptospirose com a chuva? Proteja-se!


Neste conteúdo, explicamos quais são os cuidados necessários para evitar a leptospirose e o que acontece quando uma pessoa é infectada. Continue lendo!

Homem andando em superfície alagada com risco de infecção leptospirose

Durante a época de chuvas, é comum vermos mais casos de leptospirose. Isso ocorre porque as enchentes fazem com que os bueiros e esgotos transbordem, trazendo água contaminada para as ruas.

No Brasil, os principais transmissores da doença são os ratos e demais mamíferos como cachorros, gatos e ovelhas, que não adoecem, mas passam a infecção para o ser humano por meio da urina infectada.

A leptospirose é uma doença grave, mas pode ser tratada de maneira eficaz quando descoberta em tempo hábil. Para explicar sobre as formas de transmissão e cuidados preventivos, convidamos a médica infectologista da Unimed Fortaleza, Dra. Roberta Santos Silva (CRM 4935 CE). Saiba mais a seguir!

O que é leptospirose e por que a doença aumenta em tempos chuvosos?

A leptospirose é causada por uma bactéria chamada Leptospira e é facilmente encontrada na urina de ratos (ratazanas e camundongos), além de mamíferos como cachorros, gatos, ovelhas, dentre outros.

A Dra. Roberta Silva afirma que a infecção é mais comum no período chuvoso devido às inundações e enchentes, que trazem a água infectada dos bueiros para a superfície das cidades.

“A bactéria da leptospirose pode sobreviver por tempo indefinido nos rins de animais infectados sem causar-lhe danos. Durante as enchentes, a água pode permanecer contaminada pela bactéria por até 6 meses, elevando o risco de transmissão mesmo após a diminuição do nível da água”, conclui a médica da Unimed Fortaleza.

Como o ser humano pode contrair leptospirose?

Como explicamos acima, a bactéria da leptospirose chega ao solo por meio da urina do animal infectado, sendo a principal causa da doença.

Pessoas podem ser infectadas pela bactéria através de feridas na pele, mucosas dos olhos ou pela boca. A contaminação também pode chegar até aos pulmões nos casos em que a água contaminada é ingerida.

“Ao atingir o ser humano através da mucosa dos olhos ou via respiratória, a bactéria da leptospirose chega aos vasos linfáticos e acaba se espalhando pelo corpo podendo causar a bacteremia – quando há presença de bactéria na corrente sanguínea -, e até sepse, que é uma infecção generalizada”, explica a médica.

Em quanto tempo surgem os primeiros sintomas da leptospirose?

Após infectado, o tempo de incubação da bactéria é variável, mas gira em torno de 1 a 2 semanas após a exposição. Em alguns casos, pode acontecer dos sintomas aparecerem 1 dia após a infecção e, em situações extremas, 1 mês após a contaminação.

Vale reforçar que os animais infectados podem eliminar a bactéria por meses, anos ou durante toda a vida, por isso é tão importante manter o controle sanitário nas regiões onde são comuns enchentes, inundações ou alagamentos.

Quais são os sintomas da leptospirose?

A leptospirose pode ser assintomática ou se manifestar com poucos sintomas, até de maneiras graves e fulminantes. A manifestação da doença pode ser classificada em duas fases: a precoce e a tardia.

A maneira precoce é geralmente a mais comum e a menos grave, apresentando sintomas como:

  • Febre;
  • Dores no corpo, principalmente nas panturrilhas;
  • Dores articulares;
  • Dor de cabeça;
  • Vermelhidão nos olhos;
  • Sensibilidade à luz;
  • Dor ocular;
  • Tosse seca;
  • Manchas na pele;
  • Empachamento, devido ao aumento do fígado;
  • Náuseas e vômitos;
  • Recusa alimentar;
  • Aumento de linfonodos na região do pescoço, nas axilas e na virilha.

Já a forma tardia da leptospirose, que é a mais grave, ocorre após a 1ª semana da doença e pode incluir sintomas como:

  • Icterícia alaranjada ou avermelhada;
  • Insuficiência renal causada por inflamação no rins o que pode levar a dificuldade em urinar;
  • Perda de proteína na urina;
  • Pus;
  • Manifestações hemorrágicas via oral, pulmonar ou em outros órgãos;
  • Urina com sangue;
  • Anemia;
  • Queda de pressão arterial.

“Nos casos mais graves da leptospirose, as alterações pulmonares podem levar a uma síndrome da angústia respiratória do adulto”, pontua a Dra. Roberta Silva.

Como é feito o tratamento da leptospirose?

Ainda não há vacina disponível para leptospirose, mas o tratamento feito com antibiótico é eficaz quando iniciado em tempo hábil.

A Dra. Roberta Silva explica que, na fase precoce, o tratamento contra a leptospirose pode ser feito em casa com o uso do antibiótico caso o paciente não esteja com queixas de dores gastrointestinais.

Já na fase mais grave da doença, o tratamento precisa ser realizado por meio da internação do paciente com suporte de hidratação venosa para reverter a insuficiência renal e controlar o quadro hemorrágico.

Quais medicamentos devem ser evitados durante o tratamento?

Durante esse período é necessário evitar a automedicação e seguir as orientações médicas. “É importante evitar o uso de AAS (ácido acetilsalicílico) e derivados, devido ao risco de sangramento. E medicamentos como paracetamol e anti-inflamatórios como nimesulida, cetoprofeno, diclofenaco, pois há o risco de hepatite bacteriana ou medicamentosa”, esclarece a infectologista. 

É importante também hidratar-se bastante e fazer uma alimentação mais leve, mas rica em nutrientes, de acordo com a orientação médica.

A leptospirose pode matar?

Sim. “A letalidade da leptospirose pode chegar a 40% na sua fase mais grave, principalmente se o paciente não conseguir ser internado em um hospital com suporte de UTI”, explica a infectologista.

Além disso, o risco de óbito também depende da demora para o diagnóstico e da falta de assistência médico-hospitalar intensiva.

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Como prevenir a leptospirose?

A melhor forma de evitar a leptospirose é com a prevenção. Siga as orientações da médica infectologista:

  • Evite acúmulo de água;
  • Use botas de cano alto e luvas látex para proteção ao ter contato com o solo encharcado,
  • Tenha cuidado com o lixo, separar o tipo de lixo e fechá-lo bem;
  • Ferva a água e adicione algumas gotas de água sanitária ou hipoclorito de sódio, caso tenha suspeita de água potável contaminada;
  • Lave bem as frutas e verduras antes de consumir;
  • Mantenha as caixas d’água bem vedadas.

Evite automedicação em caso de suspeita de infecção por leptospirose.

Cuidado com o período chuvoso

Agora que você já entendeu as causas e conheceu as formas de prevenção da leptospirose, não esqueça que no período chuvoso outras doenças como dengue, Zika e Chikungunya também são comuns. Preparamos um conteúdo exclusivo para você conhecer quais são os tipos de dengue e as diferenças entre zika e chikungunya!

*Conteúdo desenvolvido em parceria com a médica infectologista da Unimed Fortaleza, Dra. Roberta Santos Silva (CRM 4935 CE).

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